Sexo frágil é a bola da vez
Apesar das dificuldades, futebol feminino vê crescer número de adeptas no Brasil e tem esperança de dias melhores
Divulgação
Futebol é uma palavra originada do inglês football, que significa bola nos pés. O esporte é muito difundido em todo o mundo, principalmente no Brasil, onde dois times de onze jogadoras cada... jogadoras? Sim, o futebol não é apenas um esporte para homens. Atualmente muitas beldades enfeitam os gramados de todos os cantos do mundo, e mais do que isso, elas mandam muito bem com a bola nos pés. Algumas nações já são grandes potências mundiais da modalidade, casos de Estados Unidos, Canadá e Suécia. Outros países também vêm ganhando espaço no cenário do futebol feminino mundial, como o Japão, que conquistou o título da Copa do Mundo realizada neste ano na Alemanha.
O Brasil também não fica atrás e tem obtido grandes resultados com suas meninas. Medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio em 2007, a seleção quase repetiu o feito em Guadalajara, mas acabou ficando com a prata ao ser derrotada pelo Canadá na disputa de pênaltis. Porém, a equipe canarinho estava desfalcada de sua maior atleta: Marta. A jogadora, que já foi apontada cinco vezes como a melhor do mundo, desponta como a grande favorita para abocanhar o prêmio mais uma vez este ano. A “rainha do futebol” fez muito bonito na Copa do Mundo da Alemanha, onde Brasil esteve próximo de bater a fortíssima seleção americana nas quartas de final, mas acabou pecando nos momentos decisivos da partida e também na cobrança das penalidades.
Para o presidente da Associação dos Times de Futebol Feminino do Estado do Rio de Janeiro, Eduardo Tacto, estes resultados trazem esperança de dias melhores: “Mesmo sem jogadoras importantes, elas fizeram uma grande competição em Guadalajara e saíram com a honrada medalha de prata. Esta medalha é mais um expressivo resultado e torcemos para que possa ser mais um incentivador. A realidade atual é que os resultados da seleção feminina superam os da masculina e o Pan foi um grande exemplo disso. Talvez um dia estes resultados possam contribuir para uma mudança na realidade do futebol feminino”, afirma.
Histórico
Existem grandes dúvidas sobre a origem do futebol feminino no Brasil. A versão mais conhecida diz que a primeira partida no Brasil ocorreu na década de 1920, entre jogadoras paulistas e catarinenses. O primeiro clube a montar um time de meninas foi o Araguari Atlético Clube, da cidade de Araguari (MG), que participou de um amistoso beneficente em 1958.
Em 1964, um baque na história do esporte: o futebol feminino estava proibido de ser praticado no Brasil. Somente em 1981 essa situação foi revertida e as jogadoras puderam dar prosseguimento a esta modalidade, que se fortaleceu de vez com a inclusão no cronograma dos Jogos Olímpicos. Este sem dúvidas foi um grande passo para o desenvolvimento do futebol feminino, porém, ainda muito pequeno diante de um problema que surgiu praticamente em sua fundação: o preconceito.
Dificuldades e Preconceito
O futebol sempre foi considerado aqui no Brasil um esporte de homens, muito por causa do contato físico, que é muito constante. Muitos consideram que as mulheres não podem praticar a modalidade por não terem força para aguentarem estes trancos. Há quem ache um absurdo uma mulher calçar uma chuteira e chutar uma bola. São posições e opiniões que, em pleno século XXI, já deveriam ter sido abolidas, mas infelizmente a realidade não é essa. O presidente da ATAFF-RJ, Eduardo Tacto, dá um exemplo: “Tivemos o caso de uma atleta que sempre teve uma conduta exemplar e um coração maravilhoso, e ao sair do treino do seu time trajando seus uniformes de trabalho, foi atacada de forma verbal e moral por um homem no meio da rua, que a recriminou por jogar futebol”, lamenta.
O início de carreira para uma atleta costuma ser muito mais difícil do que para um jogador do masculino. Uma das maiores dificuldades é a saudade da família, já que na maioria dos casos, as jogadoras deixam suas famílias muito cedo para se dedicarem totalmente ao esporte. “Por mais que a gente não more nas nossas casas, sempre procuro me comunicar por telefone ou pelo computador”, conta Erikinha, que atua pelo Santos.
Atualidade do Futebol Feminino brasileiro
O principal campeonato disputado hoje em dia no Brasil é a Copa do Brasil de Futebol Feminino, realizada nos mesmos moldes do torneio masculino e com a participação dos melhores times de cada estado da federação. Alguns estados organizam campeonatos estaduais, sempre no sacrifício devido à falta de estrutura. O Rio de Janeiro tem seu campeonato regional e também se encaixa na falta de estrutura e de equipes para disputar, como diz Eduardo Tacto: “O estadual profissional aqui do Rio de Janeiro teve a presença de apenas sete times, sendo que dos grandes, apenas o Vasco participou. Temos que destacar a atuação do clube cruz-maltino, que vem apostando na modalidade e ressaltar também times de menor expressão - Carioca, Bancários, Mesquita Branca’s e Infosoccer - que estão crescendo e conquistado resultados importantes”, ressalta.
Há três anos vem sendo disputada a Taça Libertadores da América feminina, com equipes de toda a América do Sul. O Santos é o atual campeão do torneio que, neste ano, será disputado no mês de novembro na cidade de São José dos Campos (SP). Já a capital paulista será sede em dezembro do 3º Torneio Internacional Cidade de São Paulo de Futebol Feminino, com as presenças das seleções do Brasil, Itália, Chile e Dinamarca.
A esperança é que a realização destes torneios internacionais de grande porte ajudem o futebol feminino a se difundir por aqui. Potência mundial, o Brasil já é, e para que o esporte caia de vez no gosto dos torcedores é preciso um maior investimento por parte dos grandes clubes. Se todos seguirem o exemplo do Vasco, pode ser que algum dia os torcedores, tão habituados a prestigiar suas equipes nos estádios para ver os marmanjos, passem a ter uma opção a mais de entretenimento.
Nenhum comentário:
Postar um comentário