No último sábado presenciei uma das mais lamentáveis cenas que já vi no futebol. Um caso grosseiro de desrespeito as pessoas e ao esporte. Meu coração se aperta só de falar do assunto, pois ver tais cenas foram revoltantes. Abaixo reproduzo a matéria postada no site da ATAFF-RJ para que todos entendam o que estou sentindo e o que aconteceu.
Deixo somente uma mensagem: Chega de preconceito para com o futebol feminino!!!
Veja a matéria:
Dia 15 de outubro de 2011. Maracanãzinho. Cidade do Rio de Janeiro. Essa data e local vão ficar marcadas na história como um dos maiores casos de machismo e preconceito já vividos por atletas de futebol feminino.
Nossas meninas que lutam a cada dia, que enfrentam campos esburacados, falta de apoio e estrutura, ainda tem que encarar um problema grave, que em pleno século XXI, já deveria estar abolido que é o machismo e o preconceito no esporte. Entendemos que em uma sociedade democrática todos e todas têm liberdade de fazer suas escolhas e opções e no futebol isso não pode ser diferente. E afirmamos categoricamente: Mulher também tem o direito de jogar bola.
Contudo, parece que isso não é bem compreendido por alguns integrantes da recém-criada Superliga Nacional Estudantil, entidade que no papel até tem bons objetivos, mas que não prática, mostrou completamente o contrário.
No último dia 15 de outubro, foi dado inicio a Copa Tronic de Futsal, evento esse que reuniu diversas escolas e que teve sua rodada inicial no Maracanãzinho. Para marcar a abertura do torneio, diversas atrações estavam marcadas, como jogo entre artistas, diversas apresentações esportivas e tudo mais para se fazer um belo espetáculo em um evento que reuniu dezenas e dezenas de crianças.
A presidente da Superliga, senhora Monica Martins, pessoa qual afirmamos ter um bom coração, entrou em contato com o presidente de nossa associação, para fazer o convite para o evento. Tão logo recebeu a informação e o convite, nosso presidente conversando com a senhora Monica, acertou a realização de um jogo de futebol feminino, como forma de contribuir para a abertura do evento.
Após as tratativas fechadas, se marcou o jogo as 13h00min horas do referido dia, onde ficou combinado que o mesmo seria jogado em dois tempos de 20 minutos cada. Nossa associação convidou então a equipe do Grajaú Tênis Clube e fez sua primeira convocação para a Seleção da ATAFF-RJ de Futsal. O jogo marcou também a estreia do novo uniforme da ATAFF-RJ, que foi muito elogiado pelas atletas.
Ambos os times chegaram ao local no horário combinado ao meio dia. Trocaram de roupa e foram para a área reservada para os atletas. Contudo o evento estava muito atrasado e a desorganização imperava. Vários times reclamando do atraso no horário dos seus jogos. O time da Escola Tasso da Silveira, onde todos já sabem o que aconteceu, reclamava muito do longo atraso para o inicio do seu jogo, assim como outras equipes. O tempo ia passando e quando o relógio já marcava mais de três horas da tarde, finalmente se acerta a ordem dos jogos. Jogariam os artistas, depois a escola Tasso da Silveira, mais um jogo dos artistas e enfim as meninas.
Entendendo o atraso, nosso presidente propõe a organização do evento, que o jogo feminino tivesse dois tempos de 10 minutos cada, para não atrasar ainda mais os jogos que faltavam da abertura do evento, fato esse que foi aceito pela presidente da Superliga.
Nossas atletas estavam felizes, tirando foto e tendo contato com diversos artistas e nem o longo atraso para jogar foi capaz de tirar o entusiasmo de nossas meninas que ali estavam.
Eis que finalmente nossas meninas entram em quadra. Foram anunciadas pelo locutor oficial do evento e se postaram em campo. A torcida aplaudiu demais as meninas e finalmente a bola rolou. A Seleção da ATAFF-RJ vencia o jogo por dois a zero, gols de Carol Duarte e Anecleia, quando chega a notícia de que o jogo teria apenas um tempo de dez minutos. Ao saber dessa informação o presidente da ATAFF-RJ se dirigiu a presidente da Superliga que afirmou novamente que seriam dois tempos de dez.
Termina o primeiro tempo e entra em cena o senhor Reinaldo Mendonça Júnior, membro do conselho consultivo da Superliga. O mesmo de forma descontrolada e arrogante, diz que se as meninas não saíssem de quadra iria chamar à segurança e tirar às meninas a força. Nosso presidente partiu em defesa de nossas atletas e afirmou ao mesmo que se tocasse em qualquer uma das atletas dos dois times, chamaria a polícia para autuá-lo.
O mesmo obrigou o time das crianças que aguardavam do lado de fora e entrar em quadra e expulsou as meninas. Nesse momento, após tantas cenas de machismo e preconceito, nosso presidente acionou a Polícia Militar, pois tamanha a vergonha feita pelo senhor Reinaldo Mendonça Júnior da Superliga. Nesse momento a torcida no Maracanãzinho indignada com tal situação gritava pedindo para deixar as meninas jogar e acusava o preconceito.
Ao chegar a PM no local o senhor Reinaldo Mendonça Júnior, além de machista e preconceituoso, se mostrou um grande mentiroso, pois afirmou para a polícia que os times femininos entraram em quadra sem autorização. Nesse momento nosso presidente indagou a presidente da Superliga sobre a questão e a mesma afirmou na frente de todos que o time tinha autorização para entrar em quadra naquele momento. Entendemos a mentira do senhor Reinaldo, pois era uma atitude desesperada de alguém que via um estádio inteiro denunciando seu preconceito.
O que era para ser uma grande festa, onde até a Mc Bruninha, vestiu o uniforme da Seleção da ATAFF-RJ e iria jogar se transformou num triste episódio. Contudo o senhor Reinaldo Mendonça Júnior e a Superliga Nacional Estudantil deram uma aula de preconceito, machismo e mentiras. Que exemplo, os mesmos que se propõem a fazer um torneio para crianças irão dar para as mesmas? Que devemos ser intolerantes e de que a mulher tem que estar abaixo dos homens?
Se o senhor Reinaldo Mendonça Júnior entendesse o que era para essas meninas jogarem ali e tudo o que elas passaram para viver esse momento, temos certeza que não faria o que fez. Se ele conhecesse, por exemplo, a história da jovem Hayana, de apenas 16 anos, que nunca tinha estado em um local como aquele, e se via no seu olhar a emoção, entenderia muita coisa e não faria o que fez.
Faltou bom senso, pois fazer as meninas esperarem mais de três horas e no meio do primeiro tempo querer expulsá-las de quadra foi realmente algo insensato.
Nossa associação continuará sua luta em defesa de uma sociedade livre e sem preconceitos e não dará um passo atrás na defesa de nossas atletas e de uma sociedade livre, justa e igualitária.
Queremos parabenizar todas nossas atletas por suas posturas exemplares no evento e mesmo com o coração ferido e indignado se mantiveram de forma correta e ética no evento. Nossos parabéns especiais para a treinadora da Seleção da ATAFF-RJ, Mariana Brasil e ao treinador do Grajaú, Diogo Lemos, pela brilhante conduta na defesa das atletas.
Diz o velho ditado que a voz do povo é a voz de Deus, e os gritos que ecoaram das arquibancadas do Maracanãzinho deram o recado para todos que ali estavam presentes e viram as cenas de machismo e preconceito vividas pelas atletas, ao todos afirmarem, numa só voz que entoada, a seguinte frase “É PRECONCEITO!”.
Fica a lição e nosso recado de luta, onde não nos curvaremos a atitudes como essas e lutaremos sempre pela igualdade entre homens e mulheres.
Para todas as meninas vitimas desse trágico episódio nossa solidariedade.E saibam que estaremos ao lado de cada uma de vocês e juntos somos mais fortes contra tudo isso!!!
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